O voluntariado é sem dúvida um exemplo desta cumplicidade e deste envolvimento e, nós, portugueses somos sem dúvida, um povo dominado por este espírito solidário.
Contudo, o voluntariado, no nosso país está a passar por um processo de transformação, que mais do que evidente, é necessário. São urgentes novos modelos de voluntariado que ultrapassem as ações de boa vontade e o trabalho somente por motivos pessoais. Enquanto exercício de cidadania, o trabalho voluntário deve procurar não só, a defesa de direitos, mas assumir maiores responsabilidades.
É lícito e necessário politizar a ação voluntária, para não se perder de vista as causas reais dos problemas e possibilitar ao voluntário transformar-se e transformar o meio envolvente, sentindo-se corresponsável pelas soluções encontradas.
São inúmeras as opiniões sobre o trabalho voluntário; uns consideram-no um antídoto contra o stress e a depressão, promovendo uma melhoria da autoimagem e o sentimento de autorrealização, outros, um mecanismo de procura de protagonismo e mesmo de poder, outros ainda, uma porta aberta para uma oportunidade profissional que ainda não surgiu.
Isto faz-nos pensar que as pessoas não são “voluntárias em si”, são transformadas e formadas pelas instituições, em voluntários aprimorando o seu impulso solidário, transformando-o em compromisso. Assim, tão importante como garantir a qualidade dos serviços prestados, é assegurar o bem-estar do voluntário, a sua gratificação, satisfação, felicidade, assim como o potencial de desenvolvimento pessoal e as suas motivações.
Isabel Cabral.